domingo, 30 de julho de 2017

Livro: Todos Contra Todos - Leandro Karnal.

A internet não criou os idiotas, mas deu energia e proteção para o ódio dos covardes.” Leandro Karnal derruba o mito do brasileiro pacífico “Só eu e você, caro leitor, cara leitora, não odiamos nem somos violentos, muito menos preconceituosos”, diz Karnal. Uma brincadeira irônica para mostrar o quanto transferimos para o outro o que temos de ruim. Um livro polêmico, provocativo e instigante no qual ele afirma que o ódio é um dos espelhos mais poderosos para olharmos nosso próprio rosto. Que a maldade é tão próxima do ódio quanto da inveja. Em tempos de coxinhas contra petralhas, xenófobos, misóginos e homofóbicos contra imigrantes, o novo feminismo e os movimentos LGBT, em tempos do politicamente correto contra os seus críticos mais mordazes, Leandro Karnal mostra que a história e a realidade revelam um lado sombrio do brasileiro que costumamos não reconhecer: somos violentos no trânsito, nas ruas, nos comentários das redes sociais e fofocas nas esquinas; somos violentos ao torcer por nosso time e ao votar; somos violentos cotidianamente. Em Todos contra todos, Leandro Karnal combina as características que o transformaram no historiador e pensador mais pop do Brasil: erudição e leveza, profundidade e humor. Elas se unem nas páginas deste livro para serem saboreadas pelos leitores. Todos contra todos escancara a polêmica das palavras agressivas, a natureza das reações raivosas dirigidas ao outro e o porquê de escondermos de nós mesmos as pequenas e grandes maldades do dia a dia. Sobre o Autor Leandro Karnal é professor de história da Unicamp, com doutorado pela USP. Todos contra todos é o seu primeiro livro pela LeYa.

domingo, 23 de julho de 2017

Livro: Deuses Americanos - Neil Gaiman (Edição Preferida do Autor).

     Obra-prima de Neil Gaiman, Deuses americanos é relançado pela Intrínseca com conteúdo extra, em Edição Preferida do Autor. “Deuses americanos” é, acima de tudo, um livro estranho. E foi essa estranheza que tornou o romance de Neil Gaiman, publicado pela primeira vez em 2001, um clássico imediato. Nesta nova edição, preferida do autor, o leitor encontrará capítulos revistos e ampliados, artigos, uma entrevista com Gaiman e um inspirado texto de introdução. A saga de Deuses americanos é contada ao longo da jornada de Shadow Moon, um ex-presidiário de trinta e poucos anos que acabou de ser libertado e cujo único objetivo é voltar para casa e para a esposa, Laura. Os planos de Shadow se transformam em poeira quando ele descobre que Laura morreu em um acidente de carro. Sem lar, sem emprego e sem rumo, ele conhece Wednesday, um homem de olhar enigmático que está sempre com um sorriso no rosto, embora pareça nunca achar graça de nada. Depois de apostas, brigas e um pouco de hidromel, Shadow aceita trabalhar para Wednesday e embarca em uma viagem tumultuada e reveladora por cidades inusitadas dos Estados Unidos, um país tão estranho para Shadow quanto para Gaiman. É nesses encontros e desencontros que o protagonista se depara com os deuses — os antigos (que chegaram ao Novo Mundo junto dos imigrantes) e os modernos (o dinheiro, a televisão, a tecnologia, as drogas) —, que estão se preparando para uma guerra que ninguém viu, mas que já começou. O motivo? O poder de não ser esquecido. O que Gaiman constrói em Deuses americanos é um amálgama de múltiplas referências, uma mistura de road trip, fantasia e mistério — um exemplo máximo da versatilidade e da prosa lúdica e ao mesmo tempo cortante de Neil Gaiman, que, ao falar sobre deuses, fala sobre todos nós. “Deuses americanos” foi adaptado para a TV em série com estreia prevista para 2017, com roteiro do próprio Neil Gaiman e produção de Bryan Fuller (das séries Hannibal e Pushing Daisies e dos filmes da franquia Star Trek). Juntos, os livros de Neil Gaiman lançados pela Intrínseca já venderam mais de 100 mil exemplares. “Original, arrebatador e infinitamente criativo.”

sábado, 22 de julho de 2017

[Divulgação] Conto: Quilômetro Cinza (Um caso vampiro em São Paulo) - Escrito por Rob Camilotti.

Neste post de hoje divulgarei um conto do livro Quilômetro Cinza e Outros Contos de Cabeças - Rob Camilotti.

CONTO: Quilômetro Cinza (Um caso vampiro em São Paulo) - Escrito por Rob Camilotti.

Hiroilto foi sem destino então. Fincou a chave no carro, desobedecendo a advertência veiculada continuamente no rádio para que ficasse em casa dada à excepcionalidade do que ocorria com o tempo em São Paulo. - “Talvez, o clima esteja igual no mundo.” - pensou enquanto dirigia.
“Que está acontecendo?” - a neve caía torrencial ao longo da Bandeirantes, em flocos grossos, instalando o frio que não era menos aterrador. Foi percebendo que, enquanto dirigia, era literalmente o único em toda a cidade que havia tido a ideia de se atirar ao desconhecido, mas dirigiu o carro com cuidado em todo momento. Certa hora, Hiroilto parou ao avistar, no acostamento da marginal, um menino sozinho que não aparentava ter mais de dez anos. Deu duas pancadinhas no vidro do carro como quem o anunciava que podia se aproximar, só que o menino porém limitou-se a olhar em sua direção, dando a entender que não entendia o que Hiroilto queria. - “Ele vai morrer congelado se eu não tirá-lo de lá”. - abriu a porta do carro e se entregou ao frio.
A pista estava escorregadia por causa de uma crosta de neve que, com alguma rapidez, acumulava-se nas bordas, quase que se estendendo a um rio congelado. Tinha que ser mais ligeiro no resgate ao menino. - “Não tenha medo, garoto, deixa eu te ajudar!” - estendeu-lhe a mão enquanto caminhava, para que viesse ao seu encontro, porém, de novo, o menino não reagiu. Valente, no que se aproximou, Hiroilto envolveu o menino nos seus braços e o levou com ligeireza para dentro do carro. - “Que merda, Hiroilto!” - na pressa de socorrê-lo, Hiroilto esqueceu de fechar a porta ao sair do carro e uma boa camada de neve encobria todo banco do motorista. Com duas braçadas generosas, expulsou a maior parte da neve. Entrou no carro mesmo assim e colocou o menino sentado no banco do carona, ao seu lado.
“Ufa, que aventura hein?! Como se chama, garoto?”
O menino respondeu:
“CD.”
“CD?” - sorriu para o menino, que fez que sim com a cabeça. - “Prazer em conhecê-lo, CD. Vou levá-lo para casa, certo? Onde estão seus pais?” - Hiroilto não disfarçou a afeição que já sentia pelo menino.
CD não o respondeu. Em vez disso, lançou-lhe um olhar opaco, fosco, inabilitado de sentir. Hiroilto presumiu desse modo que o menino não tivesse os pais e que, justamento por isso, o encontrara na rua.
“Pobre garoto!” - exclamou baixo. Disse em seguida. - “Vamos ficar juntos até que a neve passe e depois te levo para uma delegacia. Quem sabe eles não te arrumam uns pais bem legais! Combinado assim, CD?”
CD o encarou com desinteresse. Deu-se a entender que, para ele, tanto importava o que fariam depois. CD tinha o rosto e as mãozinhas tão brancos que impressionavam fortemente Hiroilto, e cada vez mais.
“Está com frio?”
“Um pouco.” - CD respondeu.
“Coitadinho! Não se preocupe porque já estamos chegando. Vou te levar para casa.”
E Hiroilto passou-lhe as mãos nos cabelos, confortando-o. Ao fazer isso, se impressionou mais uma vez: os cabelos de CD estavam extremamente secos e sua pele, sem viço algum, ficava cada vez mais branca, diferente em comparação a qualquer outra que já havia visto, como a de um cadáver de um menino congelado. Em seguida, ao levar a mão ao nariz e cheirá-la, quase vomitou ao sentir um cheiro terrivelmente podre em um pouquinho de óleo que se impregnara na ponta dos dedos. Era como se houvesse acabado de passar a mão na carniça de um animal morto. Assustado, decidiu levar o menino direto para uma delegacia, invés de levá-lo para casa como o havia prometido.
“Estou com fome e eu quero comer agora.” - CD pôs as mãozinhas sobre sua barriga.
“Já estamos chegando em casa, CD.” - Hiroilto escondeu-lhe aonde verdadeiramente estavam indo. - “Aguente só mais um pouco, combinado?” - e foi acelerando o carro, mostrando pressa em se livrar do menino.
“Eu disse que eu quero comer agora, não me ouviu?”
O menino, antes indefeso, se revelou então. Ao olhar para o lado, Hiroilto foi tomado pelo horror. Criatura medonha, a cabeça de CD revelou-se peluda; as orelhas, os olhos, o nariz e os dentes fininhos lembravam os de um asqueroso morcego.
“Não precisa ser do jeito mais doloroso para você. Só quero um pouco de sangue. Vou transformá-lo.”
“Vá embora, demônio!” - Hiroilto enfiou o pé no freio.
Com toda calma possível, CD, pequeno conde vampiro, foi se aproximando lentamente do homem, que, já em paz e a vontade com seu destino, sentiu cravar os dentinhos na jugular.
“Só uma dose do seu sangue.”

FIM


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O conto “Quilômetro Cinza” se soma a outras quinze histórias que fazem parte do livro “Quilômetro Cinza e Outros Contos de Cabeça”.